ONDE COMEÇA MESMO?

Sempre que passamos por algum sofrimento, algo que nos faz culpados de nós mesmos, que muda nossa vida de repente, a sensação que nos dá é que não conseguiremos superar nunca. Tudo esta perdido, não há solução possível que nos tire daquele lamaceiro que de repente surgiu em nosso caminho. Passamos por várias fases...nos culpamos, nos vitimizamos, culpamos o mundo, pedimos Deus para nos acordar e nos mostrar que era só um pesadelo, demoramos a aceitar a situação. E enquanto lutamos contra ela, lutamos contra nós mesmos, trazemos mais dor, mais sofrimento, acabamos envolvendo pessoas que nos amam e ficam preocupadas com o que faremos com toda aquela revolta, sofrem também porque nos amam e nos querem ver bem, fortes e prontos para dar ínicio ao processo de superação.

Eu demorei a me permitir começar a entender e superar o que havia me acontecido, quanto mais desespero e sofrimento eu demonstrava, mais eu tinha o carinho e a compaixão das pessoas, e vamos nos acomodando com esse colinho quente e protetor, estamos a salvo, estamos sendo cuidados e alimentados em nossa dor, sem a intenção de nos impedir de crescer. Mas na realidade, colo, aconchego, carinho são acolhimentos importantes nas primeiras horas de dor....mas se for prolongado, acabamos nos acomodando, é como se estivessemos anestesiados a todo momento para que a dor seja suportada por nós, e nos esquecemos que um dia teremos que senti-la sem anestesia, pois é jutamente a dor que nos impulsiona para frente, temos que nos salvar, nos auto proteger e no momento em que estamos no auge do sofrimento, é que é o momento de buscarmos recursos próprios e não mascarados de ir amenizando a dor...é preciso termos paciência com a gente mesmo, e ter a certeza de que o tempo é o senhor de todas as resoluções, mas não temos paciência nem com o tempo...queremos acordar no dia seguinte já com tudo resolvido, ou acordarmos e ver que tudo não passou de um pesadelo.

Temos um longo caminho a percorrer, que é exatamente o caminho do entendimento, do aprendizado, da conscientização, e isso ninguém pode fazer por nós.